segunda-feira, 29 de novembro de 2010

VIVER DESPENTEADA...




Hoje aprendi que é preciso deixar que a vida te despenteie,por isso decidi aproveitar a vida com mais intensidade. ..
O mundo é louco, definitivamente louco...
O que é gostoso, engorda. O que é lindo, custa caro.
O sol que ilumina o teu rosto enruga.
E o que é realmente bom dessa vida, despenteia.. .
- Fazer amor, despenteia.
- Rir às gargalhadas, despenteia.
- Viajar, voar, correr, entrar no mar, despenteia.
- Tirar a roupa, despenteia.
- Beijar à pessoa amada, despenteia.
- Brincar, despenteia.
- Cantar até ficar sem ar, despenteia.
- Dançar até duvidar se foi boa idéia colocar aqueles saltos gigantes essa noite, deixa seu cabelo irreconhecível. ..
Então, como sempre, cada vez que nos vejamos eu vou estar com o cabelo bagunçado..mas pode ter certeza que estarei passando pelo momento mais feliz da minha vida.
É a lei da vida: sempre vai estar mais despenteada a mulher que decide ir no primeiro carrinho da montanha russa, que aquela que decide não subir.
Pode ser que me sinta tentada a ser uma mulher impecável,toda arrumada por dentro e por fora.
O aviso de páginas amarelas deste mundo exige boa presença:
Arrume o cabelo, coloque, tire, compre, corra, emagreça,coma coisas saudáveis, caminhe direito, fique séria...e talvez deveria seguir as instruções, mas quando vão me dar a ordem de ser feliz?
Por acaso não se dão conta que para ficar bonita eu tenha que me sentir bonita...A pessoa mais bonita que posso ser!
O único, o que realmente importa é que ao me olhar no espelho, veja a mulher que devo ser.
Por isso, minha recomendação a todas as mulheres:
Entregue-se, coma coisas gostosas, beije, abrace,dance, apaixone-se, relaxe, viaje, pule, durma tarde, acorde cedo, corra, voe, cante, arrume-se para ficar linda, arrume-se para ficar confortável!
Admire a paisagem, aproveite,e acima de tudo, deixa a vida te despentear!
O pior que pode acontecer é que, rindo frente ao espelho, você precise se pentear de novo...

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Nossos filhos não são nossos filhos...



"A vida é breve, mas cabe nela muito mais do que somos capazes de viver " (Saramago)


Devemos criar os filhos para o mundo. Torná-los autônomos, libertos, até de nossas ordens. A partir de certa idade, só valem conselhos.
Especialistas ensinaram-nos a acreditar que só esta postura torna adulto aquele bebê que um dia levamos na barriga. E a maioria de nós pais acredita e tenta fazer isso. O que não nos impede de sofrer quando fazem escolhas diferentes daquelas que gostaríamos ou quando eles próprios sofrem pelas escolhas que recomendamos.
Então, filho é um ser que nos emprestaram para um curso intensivo de como amar alguém além de nós mesmos, de como mudar nossos piores defeitos para darmos os melhores exemplos e de aprendermos a ter coragem. Isto mesmo! Ser pai ou mãe é o maior ato de coragem que alguém pode ter, porque é se expor a todo tipo de dor, principalmente da incerteza de estar agindo corretamente e do medo de perder algo tão amado.
Perder? Como? Não é nosso, recordam-se? Foi apenas um empréstimo! Então, de quem são nossos filhos? Eu acredito que são de Deus, mas com respeito aos ateus digamos que são deles próprios, donos de suas vidas, porém, um tempo precisaram ser dependentes dos pais para crescerem, biológica, sociológica, psicológica e emocionalmente.
E o meu sentimento, a minha dedicação, o meu investimento? Não deveriam retornar em sorrisos, orgulho, netos e amparo na velhice? Pensar assim é entender os filhos como nossos e eles, não se esqueçam, são do mundo!
Volto para casa ao fim do dia, início de férias, mais tempo para os fllhos, olho meus pequenos pimpolhos e penso como seria bom se não fossem apenas empréstimo! Mas é. Eles são do mundo. O problema é que meu coração já é deles.
Santo anjo do Senhor!
É a mais concreta realidade. Só resta a nós, mães e pais, rezar e aproveitar todos os momentos possíveis ao lado das nossas 'crias', que mesmo sendo 'emprestadas' são a maior parte de nós !!!

domingo, 21 de novembro de 2010

Dando outro final a chatice das histórias infantis.


Toda história de contos de fadas sempre acaba com aquele final previsível de “E Eles Viveram Felizes para Sempre”. Enfadados dessa rotina sem graça os protagonistas das histórias resolveram se rebelar e mudar essa situação dando um pouquinho mais de emoção em suas vidas.

Chapeuzinho vermelho, olhando melhor para o lobo, achou sua beleza exótica. Ambos deram cabo da vovozinha, passaram a mão na aposentadoria dela e foram passar umas longas férias no Caribe.
Cinderela, por conta de uma crise de joanete, não conseguiu experimentar o sapatinho de cristal. O príncipe, sem saber o que fazer, ficou ali, olhando para o sapatinho. Achou o modelito interessante. Pediu o outro pé para a Cinderela e foi trabalhar como transformista em uma boate gay.
Pinóquio percebeu a grande utilidade que tinha aquele seu nariz. Arrumou um emprego em um clube de mulheres e passava todas as noites dizendo para as  feias, gordas e cheias de celulite que elas eram umas princesas. E elas se deliciavam com aquele seu nariz.
Branca de Neve enjoou daquela corzinha pálida. Fez um bronzeamento artificial, tornou-se madrinha de bateria da escola de samba que formou junto com os sete anões e deixou que o príncipe se contentasse em comer só a maçã.
Os três porquinhos, de tanto construir novas casas perceberam que adquiriram um certo know-how!Formaram-se em engenharia e arquitetura, abriram uma construtora e contrataram o lobo para trabalhar no setor de demolição.
Rapunzel se deu conta o valor que tinham aqueles seus longos cabelos. Cortou suas tranças, vendeu para um instituto de mega hair e deixou que o pobre coitado do príncipe subisse até a torre pelas escadas.
Bela Adormecida, sentindo um bafo de onça ao ser beijada pelo príncipe, preferiu continuar dormindo e mandou o príncipe beijar o sapo.
João e Maria criaram uma dupla sertaneja e, juntamente com a Formiga e a Cigarra que também formara uma dupla, saíram em turnê pelo mundo com o show “Amigos”.
O outro João, aquele do pé de feijão, abriu sociedade com o gigante em uma barraca no CEASA para vender as sementes daqueles feijões mágicos e ficaram milionários.
Bem, não sei se eles foram “Felizes Para Sempre”, mas que a vida deles ficou bem mais interessante, ah, isso ficou!(Ma Antunes)

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

A pior prisão...

"O casamento pode ser uma prisão.E a maternidade, a pena máxima.
Um emprego que rende um gordo salário trancafia você, o impede de chutar o balde e arriscar novos vôos. O mesmo se pode dizer de um cargo de chefia.Tudo que lhe dá segurança ao mesmo tempo lhe escraviza.Viver sem laços igualmente pode nos reter.
Uma vida mundana, sem dependentes para sustentar, o céu como limite: prisão também.
Você se condena a passar o resto da vida sem experimentar a delícia de uma vida amorosa estável, o conforto de um endereço certo e a imortalidade alcançada através de um filho.
Se nem a estabilidade e a instabilidade nos tornam livres, aceitemos que poder escolher a própria prisão já é, em si, uma vitória.
Nós é que decidimos quando seremos capturados e para onde seremos levados.
É uma opção consciente"M.Medeiros



A partir do texto lindo da Martha Medeiros eu acredito que  pior prisão humana é aquela que está condicionada a mente. Vivemos cercados por conceitos e preconceitos, valores e regras, como se rotular fosse idéia original à disposição dos costumes e julgamentos. Libertar-se desse “vício” torna-se difícil tal como se conformar com uma velha roupa que não nos serve mais. O tempo passa e crescemos, mudamos ou simplesmente engordamos e, aquela roupa que outrora nos servia com perfeição, fica apertada, pequena e fora de moda. Esvaziar esse guarda-roupa e colocar de lado tudo o que não nos cabe mais, requer trabalho e desprendimento. Não reciclamos nossos hábitos se não pudermos inovar os pensamentos. Ficamos presos em paradigmas e somos levados aos veredictos como juízes soberanos da certeza absoluta.


A vida é mutável ou, senão, adaptável. Ela se renova a todo o instante e quanto mais ampliamos nossa visão, melhor enxergamos a necessidade das reformas. Despir-se do velho e aceitar o novo, rever velhos conceitos e ampliar os horizontes. Exercer a capacidade própria de avaliação, sem estar preso aos enfadados rótulos criados para avaliação e julgamentos.

O mundo não é feito exclusivamente para nossa comodidade. Ao contrário! Nós nos inserimos nele e toda e qualquer dificuldade que enfrentamos, boa parte, somos nós os grandes responsáveis. As pessoas não mudam porque assim desejamos! Elas também renovam o seu guarda-roupa. Assim como na moda, cada um adota o seu estilo e ele é próprio, personalizado. O que não podemos é ditar regras e combinações. Deixemos que cada um procure o seu “look” e aprendemos, desta forma, a conviver com a “roupagem” de cada pessoa. Cresçamos e deixamos o figurino antigo de lado.

A nossa mente escraviza quando ficamos ligados aos ideais preconcebidos. Esse labirinto que é a mente, muitas vezes nos aprisiona e, quanto mais buscamos saídas, mais nos perdemos. Se trilharmos os caminhos sempre percorridos, podemos estar nos aprisionando cada vez mais, portanto, busque alternativas, descubra novas formas de alcançar a sua saída. E essa saída está em olhar tudo de novo, de maneira nova, despretensiosa e mais flexível.

Mudar o mundo, não podemos! O que podemos é mudar a nossa forma de vê-lo e tentar melhorar a cada dia essa percepção das coisas mutáveis. Ficar despido diante disso tudo não é estar frágil e nem vulnerável. É estar ciente da humildade necessária para receber o novo. Não ficamos despidos por muito tempo, pois logo uma nova roupa nos veste e aí, o que temos que fazer, de tempo em tempo, é apenas renovar o guarda-roupa!

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Homem gripado.


Você já morou com um homem? E algum dia ele teve uma gripe, com febre de 38º? Se você passou por isso sem perder o juízo, é sinal de uma grande paixão, pois não há nada mais insuportável nesta vida do que um homem doente em casa. Eles ficam na cama, querem atenção o tempo todo e ai de você se não estiver totalmente disponível quando ele chamar. São umas de vezes para dizer que está com frio ou calor, umas 15 para pedir o termômetro, umas 20 para saber se não seria melhor chamar o médico. E tudo isso num único dia.

Qualquer mulher com gripe vai ao cabeleireiro e a festas, mas eles precisam de atenção, proteção, de preferência com você deitada ao lado, pronta para se levantar 37 vezes por hora para cuidar do bem-estar deles. Que querem que você faça as vezes de companheira, escrava, enfermeira e mãe.
Mãe, o mais glorioso papel de uma mulher, sim, mas não mãe de um homem daquele tamanho que você conheceu com um copo de uísque na mão querendo te seduzir. Toda a solidariedade aos que amamos, mas um homem doente é extremamente espaçoso e, quanto menos grave a doença, pior.
Quando você sai do quarto, ele pergunta: “Aonde você vai?” Ora, uma mulher só sai do quarto para ir: sala, ao banheiro ou: cozinha, mas qualquer febrinha afeta o cérebro masculino, e na hora em que você atravessa a porta eles se sentem abandonados para sempre.
Homens doentes têm o costume de gemer: quando se viram na cama, quando se levantam para entrar naquele banho que você preparou com tanto carinho e até quando respiram. E, se depois de três dias ele se levantar para ir: sala, vai precisar de sua ajuda para atravessar o corredor (gemendo, claro), como se tivesse quebrado as duas pernas. Ah, esses homens.
Enquanto ele estiver doente, não se atreva a sair de casa nem para ir: banca de jornal nem para ir: padaria, dar uma volta e arejar a cabeça, nem para uma simples aula de ginástica. Com homem doente em casa, mulher tem que estar: disposição full time, dia e noite, e sem parar para piscar.
Quer ter um pouco de paz ? Fique de olhos fixos no relógio e de dez em de minutos – não, de oito em oito – pergunte como ele está se sentindo. Ponha a mão na testa para verificar a febre e afofe os travesseiros, que devem ser pelo menos quatro: os dois dele e os dois seus. E você vai dormir sem nenhum? Mas é claro. (Danuza Leão)

Melhor ser gordo do que magro!


Melhor ser gordo do que magro, disso não tenho dúvidas.

Veja o caso do Osmar, correspondente de Haroldo, que não responde nem corresponde. Sempre foi gordo e aos sessenta e cinco, possui uma gloriosa e feliz vida de gordo.
Jamais alguém chegou para ele e disse:
– Poxa, Osmar, como você engordou!
Nunca!
Porque os gordos já são gordos, portanto não engordam. Sua aparência é a mesma, não surpreende, não gera sobressaltos, não muda.
Já Haroldo é um caso diferente. Magro histórico, mal aprontou uma barriguinha, por volta dos quarenta, e começaram os comentários:
– Você viu o barrigão do Haroldo?
– O que há com esse rapaz que não se cuida?
– Cruzes, o Haroldo parece uma melancia!
Triste sina, a dos magros: eles engordam.
Não há magro que, por volta dos quarenta, não comece a engordar.
Até então ele comia de tudo, nunca se preocupou com regime, nunca se privou de bebidas, churrascos, massas, não precisava correr, caminhar, fazer exercícios torturantes, as palavras caloria e academia não têm significado algum, para o magro. Seu exercício físico era um futebolzinho leve, com amigos, nos sábados.
Subtamente ele faz quarenta e, como se tivesse sido vítima de um terrível sortilégio, uma maldição sobre ele lançada pela irmã malvada da mãe dele, uma bruxa na opinião do pai dele e, casualmente, sua madrinha, surge-lhe a barriga, arredondada, protuberante, a apertar-lhe as calças e abrir-lhe botões da camisa.
Ele não fez nada diferente, mas a barriga surge.
E, com ela, os comentários.
Magro que tem convicção e força de vontade, se preocupa.
E graças a essa preocupação, busca providências que, ao meu honesto sentir, serão causa determinante do aumento de sua gordura.
Vai ao nutricionista que, após a pesagem, medição e outras mumunhas, sentencia:
– Você, meu querido magro, para continuar magro tem que mudar seus hábitos.
Dita assim, com tal singeleza, o magro não se assusta. Afinal, mudar os hábitos não deve ser coisa muito difícil, dependendo dos hábitos.
Ele imagina que vai mudar a hora do banho, que terá de dormir só com um travesseiro ou, no máximo, parar de ler o jornal no banheiro. Fácil, fácil.
Porém, a nutricionista continua, com aterrorizante candura:
– A primeira coisa a fazer são os exercícios físicos. No mínimo uma hora de caminhada, três vezes por semana. Você pode caminhar no parque tal, na praça qual, você pode entrar numa academia e caminhar na esteira. Isso vai acelerar o teu metabolismo, magro, que diminui a partir dos quarenta.
Como assim, caminhar três vezes por semana? Pensa o magro, uma vestígio de pânico mudando o ritmo de sua respiração. Ela está querendo que eu enfie calção e tênis e saia à caminhar pela cidade? Ela deve estar louca, a que horas vou fazer uma coisa dessas, principalmente eu, que odeio caminhar?
– A melhor hora para a caminhada é bem cedinho, de manhã. Magro, o ideal é você iniciar a caminhada às sete. Pelas oito você está em casa, toma um banho e vai para o café da manhã, cujos ingredientes vou escrever aqui, nesta receita.
Sete da manhã? Ela quer que eu, às sete da manhã, esteja caminhando, de calção e tênis? A última vez que eu vi o dia, às sete da manhã, foi na volta da balada. Não, às sete da manhã nem pensar, às sete da manhã estou no melhor sono.
– Você pode, também, caminhar no fim da tarde, magro. Sai do trabalho e vai caminhar na praça. É uma delícia, principalmente no verão. Você vai adorar.
Decididamente, essa mulher não regula. Ela quer que eu vá caminhar de sapatos, terno e gravata? Ou ela pensa que eu vou em casa trocar de roupa? Com o trânsito desse jeito, até eu fazer isso já é noite fechada. Vai ver, ela quer que eu encerre o expediente às quatro da tarde. E aí, será que ela vai pagar as contas lá de casa?
– Não, magro, você pode trocar de roupa lá no seu trabalho.
Sei, sei. Trabalho num edifício onde trabalham quinhentas outras pessoas. Aí eu tenho que andar com uma sacola para lá e para cá. Termina o expediente, vou a banheiro, tiro a roupa que, do jeito que der, enfio na sacola, visto meus calções e tênis e assim trajado, entro no elevador lotado, percorro os caminhos do prédio, alvo dos olhares maliciosos das mulheres e de alguns rapazes...
– Agora, magro, vamos à alimentação. No café da manhã, meia xícara de chá sem açúcar e sem adoçante. Uma fatia, bem fininha, de ricota. Pode ser duas. Um lanche às dez, pode ser uma fruta, por exemplo, duas uvas, meia ameixa, maçã jamais! Pêra também não. No almoço, bastante salada, verdura à vontade, não coma verduras cozidas, meia colher de sopa de arroz ou de massa, e uma fatia de carne magra, bem fina. Não beba nada durante o almoço, no máximo água, sem gás. Como sobremesa você pode comer gelatina dietética, uma colher de sopa no máximo. E nada de cafezinho. O lanche da tarde pode ser um iogurte diet., tem vários sabores, é muito gostoso. No jantar, que não pode ser depois das sete, meio prato de salada verde, duas fatias de ricota e grãos, sabe grãos, magro? Soja essas coisas. Se estiver acordado às dez, faça um lanche, sugiro um rabanete sem sal. Pode variar, numa noite um rabanete, na outra uma fatia transparente de melão. Se você gostar, pode ser gelatina também, dietética, é claro. E mais uma coisa: o sal está abolido da sua vida e bebida alcoólica é uma sentença de morte.
O magro está paralisado. Todos os seus músculos contraídos, o coração parece o estouro da boiada e só consegue pensar numa coisa: meu mundo caiu!
A nutricionista, com sua perversa benevolência, conclui a consulta:
– Olha, magro, não precisa emagrecer com sofrimento. É só uma questão de disciplina. Por isso recomendo aos meus cliente que, num dia da semana, à escolha deles, comam uma bola de sorvete de abacaxi dietético, muito saboroso e, ainda por cima, faz bem aos intestinos.
Haroldo sai de lá com um aperto dramático no coração. A vida, tal como era neste planeta, nunca mais será a mesma.
Antes de entrar no carro, toma a decisão de seguir rigorosamente as instruções da nutricionista. E começa.
Dia seguinte, fim de expediente, entra no banheiro do escritório e farda-se com seus calões largos, camiseta e tênis. Calças, casaco, camisa, meia, cuecas, sapatos e gravata estão acondicionados, de jeito que deu, na sacola.
Sai para o corredor, olhando para os lados, um rubor furiosos nas faces. A primeira pessoa que encontra é Clarinha, a morena da expedição com quem, há algum tempo, tenta iniciar uma paquera.
Clarinha olha Haroldo, pernas finas, barriga redonda marcada pela camiseta e não se contêm:
– Nossa, doutor. Haroldo, o senhor deu uma boa engordada, hein?
Nos primeiros três dias ele cumpre religiosamente o tratamento e, a partir do quarto, ingressa definitivamente na estrada sem retorno do engorde.
Abandona o regime e as caminhadas e finge que nada está acontecendo.
Os anos mostrarão que, sejam quais forem as tentativas futuras, ele nunca mais terá o mesmo peso e o mesmo corpo que tinha antes dos quarenta.
Haroldo, o magro, vai compreender o significado ilimitado da expressão ‘passar privações’.
Os gordos não. (Paulo Wainberg)

sábado, 13 de novembro de 2010

Devaneios etcétera e tal...: O amor (Gabriel Garcia Márquez)

Devaneios etcétera e tal...: O amor (Gabriel Garcia Márquez): "O amor são negócios. São ações, investimentos, onipresença desejadamas impossível. O amor é gripe. Conhecemo-lo por inteiro, sabemos de s..."

O amor (Gabriel Garcia Márquez)




O amor são negócios. São ações, investimentos, onipresença desejadamas impossível. O amor é gripe. Conhecemo-lo por inteiro, sabemos de seus caminhos, mas sempre adoecemos. O amor é ainda pior que a gripe, porque nele nós insistimos. Seria talvez mais sensato ter gripe que amar. O amor é curto e bruto. Soca tudo para dentro de seu tamanho, e lá dentro é tão pequeno. Como não sair machucado de limites tão estreitos? O amor tem cheiro, ninguém ama o que fede. O amor é cheio de frescuras. Quer flores e quer ser entendido. Há gente que acha que amor são dois cubos lado a lado. Há quem ache que são engrenagens justapostas. Há quem não saiba o que fazerdo próprio amor,e há os que não o conheceme nem por isso morrem. Somos todos tão esquisitos. Amamos e morremos de medo, ou então amamos e temos mil coragens,ou então estamos sempre a um pezinho só do amor e olhamos para os lados, perguntando: "Ninguém vai fazer nada? Ninguém vai me dar uma mão com isto aqui?" O amor vive dizendo: "se vira". O amor nem sempre pára na rua pra nos cumprimentar. Às vezes chegamos esbaforidos num lugar, e ele acabou de sair. O lugar onde se sentou ainda está quente, a marca de sua bunda, em forma de coração, ainda é visível, mas estamos atrasados. Noutras vezes, chegamos cedo demais, e nos enchemos e vamos embora antes que ele apareça - se é que aparece. Às vezes nos apaixonamos pela idéia que fazemos do outro. E o amor reconhece sua firma, e diz que é legítimo e autenticado - penas talvez seja breve. Às vezes o amor é tão curto que dá a aparência de engano. Culpamos o amor por tudo. Às vezes o amor vem vestido de fome, de falta; às vezes nem dá nome na porta, entra quieto, tira os sapatos, olha pros lados,e voilá! estamos ferrados. E às vezes o amor vem todo pintado, fazendo escândalo e bebendo muito, subindo nas mesas, dançando, piscando para tudo e para todos, soltando baforadas safadas, borrando o batom. Às vezes vem como chuva, penetra nossa pinturae nos molha os olhos ou enche nossa barriga de formigas. O amor nos deixa ansiosos, dependentes do relógio, donos dos meses sem fim entre desgostos mais ou menos óbvios. Nunca acordei amando, mas já fui dormir assim muitas vezes. Nunca perdi a fome, mas já cansei de perder o sono. Nunca recuperei nada. Já olhei muitas manhãs com cara de última, já desci muitas ruas que tinham ar de fim da linha, já me senti vezes sem conta irmão das poças. Já bebi muitas auroras em companhias mortas. Já fui expert em cinzas. E o amor vive comigo. Tenho dois corações: um é meu, com licença, que alguém tem que ser constante a meu lado; o outro tem donos variados. O amor o aluga a gente esquisita, a uns fodidos, mal-amados; mas também o loca a gente maldita, que é bela, bonita e boa, que me faz rir e achar bom não ser mais dono do que penso - essa gente que me mata em cada ponto final que resolve inventar.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Como se fosse o último-Ana Jácomo



Quem dera eu aprendesse a viver cada dia como se fosse o último. O último para dizer “obrigada”. O último para dizer “me desculpa”. O último para dizer “eu te amo”. O último para abraçar cada pessoa amada com aquele abraço bom que faz um coração cantar para o outro. O último para apreciar a vida com o entusiasmo que não guarda nenhuma delícia nem ternura pra depois. O último para fazer as pazes. Para desfazer enganos. Para saborear com calma, como se me servissem um banquete, a preciosidade genuína que cada único respiro humano representa.

Quem dera eu aprendesse a viver cada dia como se fosse o último. O último pra esquecer tolices. O último para ignorar o que, no fim das contas, não tem a menor importância. O último para rir até o coração dançar. O último para chorar toda dor que não transbordou e virou nódoa no tecido da vida. O último para aprontar todas as artes que a emoção quiser. O último para ser útil em toda circunstância que me for possível. O último para não deixar o tempo escoar inutilmente entre os dedos das horas.

Quem dera eu aprendesse a viver cada dia como se fosse o último. O último para me maravilhar diante de cada expressão da natureza com o olhar demorado de quem olha pela primeira vez. O último para ouvir aquela música que acende sóis por toda a extensão da minha alma. O último para ler, de novo, o poema que diz tanto de mim que eu me sinto caber nos olhos do poeta que o escreveu. O último para desembaraçar os fios emaranhados dos medos que me acompanham.

Quem dera eu aprendesse a viver cada dia como se fosse o último. Eu não perderia uma chance para me presentear com os agrados que me nutrem. Eu criaria mais oportunidades para dizer o meu amor. Para expressar a minha admiração. Para destacar para cada pessoa a beleza singular que ela tem. Para compartilhar. Eu não adiaria delicadezas. Não pouparia compreensão. Não desperdiçaria energia com perigos imaginários e com uma série de bobagens que só me afastam da vida.

Quem dera eu aprendesse a viver cada dia como se fosse o último, porque pode ser.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

SER CHIQUE SEMPRE




Nunca o termo "chique" foi tão usado para qualificar pessoas como nos dias de hoje.
A verdade é que ninguém é chique por decreto. E algumas boas coisas da vida, infelizmente, não estão à venda. Elegância é uma delas.
Assim, para ser chique é preciso muito mais que um guarda-roupa ou closet recheado de grifes famosas e importadas. Muito mais que um belo carro Italiano.
O que faz uma pessoa chique, não é o que essa pessoa tem, mas a forma como ela se comporta perante a vida.
Chique mesmo é quem fala baixo.
Quem não procura chamar atenção com suas risadas muito altas,nem por seus imensos decotes e nem precisa contar vantagens,mesmo quando estas são verdadeiras.
Chique é atrair, mesmo sem querer, todos os olhares, porque se tem brilho próprio.
Chique mesmo é ser discreto, não fazer perguntas ou insinuações inoportunas,nem procurar saber o que não é da sua conta.
Chique mesmo é parar na faixa de pedestre.
É evitar se deixar levar pela mania nacional de jogar lixo na rua.
Chique mesmo é dar bom dia ao porteiro do seu prédio e às pessoas que estão no elevador.
É lembrar do aniversário dos amigos.
Chique mesmo é não se exceder jamais!
Nem na bebida, nem na comida, nem na maneira de se vestir.
Chique mesmo é olhar nos olhos do seu interlocutor.
É "desligar o radar" quando estiverem sentados à mesa do restaurante, e prestar verdadeira atenção a sua companhia.
Chique mesmo é honrar a sua palavra, ser grato a quem o ajuda,correto com quem você se relaciona e honesto nos seus negócios..
Chique mesmo é não fazer a menor questão de aparecer, ainda que você seja o homenageado da noite!
Mas para ser chique, chique mesmo, você tem, antes de tudo, de se lembrar sempre de o quão breve é a vida e de que, ao final e ao cabo, vamos todos retornar ao mesmo lugar, na mesma forma de energia.
Portanto, não gaste sua energia com o que não tem valor, não desperdice as pessoas interessantes com quem se encontrar e não aceite, em hipótese alguma, fazer qualquer coisa que não te faça bem.
Lembre-se: o diabo parece chique, mas o inferno não tem qualquer glamour!
Porque, no final das contas, chique mesmo é ser feliz! (Glória Kalil)

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Devaneios etcétera e tal...: FINADOS.

Devaneios etcétera e tal...: FINADOS.: "Hoje é dia dos mortos e eu penso nos vivos. Naqueles que nunca aparecem para quem os espera. Porque a morte é considerada somente a “fal..."

FINADOS.



Hoje é dia dos mortos e eu penso nos vivos. Naqueles que nunca aparecem para quem os espera.

Porque a morte é considerada somente a “falta dos sinais vitais” se tantas pessoas vivem como se mortas fossem?

Nos asilos, pais esperam incansavelmente pelo retorno dos filhos que lhes colocaram lá e nunca mais voltaram.

Sem falar nas crianças que logo após seu nascimento o pai ou a mãe já se fizeram mortos em suas vidas.

E os animais comprados no Natal para servir de presente de pelúcia às crianças durante o verão e que depois das férias são descartados em uma estrada qualquer até morrerem de sede ou fome?

Ah o deserto da falta. Terra árida.Moradia de gente seca por dentro.

Dedico este dia de finados a estas pessoas mortas de sentimentos, que podendo oferecer algo de si não o fazem, que tendo a chance de amar desconhecem o verbo, que perdem o abraço apertado, o beijo com sabor, e que colocam nesta ausência de gestos a pá de cal que faltava para dizer:aqui jaz!