domingo, 26 de setembro de 2010

Devaneios etcétera e tal...: Quero ser "Maria"

Devaneios etcétera e tal...: Quero ser "Maria": "Eu tenho uma amiga virtual, muito querida, chamada June, que se alguém for aos meus comentários do blog, ela está sempre dizendo algo carinh..."

Quero ser "Maria"

Eu tenho uma amiga virtual, muito querida, chamada June, que se alguém for aos meus comentários do blog, ela está sempre dizendo algo carinhoso, rindo, ou criticando algumas de minhas posições. Poderia dizer que é minha seguidora contumaz, a felicidade de qualquer blogueiro. Nos conhecemos de forma muito engraçada, pois já era amiga de sua irmã, que é outra fôfa, e ambas pensavam que eu era a Martha Medeiros, minha "idala". Imaginem só! Até eu conseguir demonstrar que estavam enganadas demorou algum tempo.
Mas vamos aos fatos: descobri que a menina escreve também, tem um blog, e gostei tanto da maneira como se expressa que além de me tornar sua seguidora  vou colocar alguns textos dela aqui de agora em diante. Eis um deles.

Quero ser Maria!




Existe uma passagem na Bíblia em que conta a história de uma mulher chamada Marta que, em certa ocasião, hospedou Jesus em sua casa. Ela tinha uma irmã chamada Maria que não desgrudou de Jesus para ouvir Sua Palavra. Marta corria de um lado para outro organizando o melhor de sua casa para oferecer a Jesus, no entanto quem mais usufruiu do “banquete” foi sua irmã Maria (Lc 10.38)
Vivo um momento muito Marta em minha vida. Passo o maior tempo em casa, me multiplicando em dez para dar conta de tudo. Sou mãe, esposa, representante comercial, dona de casa, filha, nora, amiga, quebra-galho, entre outras atribuições. Tudo isso, em um dia que só tem 24 horas.
E, no que diz respeito aos meus filhos, dei-me conta de que a Marta está mais presente em casa e em suas vidas, do que a Maria. Estou aqui, mas não estou com eles. E, o pior, perdendo o que eles tem de melhor, que é a infância. Ela está andando a passos largos e eu perdendo o banquete...
Nessas férias (deles, pois estou longe de pensar em férias), descobri que precisava “mudar o rumo”. Nada de acampamento com os coleguinhas, nada de colônia de férias do clube. De forma bem egoísta, quis eles só para mim. Quis resgatar um pouquinho da mãe que brinca, da mãe disponível. Estou tendo que reaprender a soltar pipa, andar de bicicleta, nadar no frio, jogar basquete, peteca, UNO, Monopoly, brincar de salão de beleza, casinha. Deixá-los quebrar os ovos para o bolo, pedir para ler as receitas, fazer bichinhos com massa de biscoito. Ir ao cinema a tarde. Ler livros com caras e bocas. Assistir desenhos na TV, pegar filmes na locadora, enfim, estar realmente com eles.
Só respondo os e-mails e resolvo coisas do trabalho bem cedo, antes deles saírem da cama ou quando eles se cansam de mim (triste reconhecer que cansam de verdade). Leio meus livros e escrevo meus textos antes de dormir (como fiz ontem, as 00:24, já que tinha que postar este texto no Mulher Ocupada naquele dia), mas só me interessa não perder de vista o banquete...
É muito contraditório quando nosso desejo de SER se esbarra nas necessidades do TER essenciais a eles (escola, curso de línguas, esporte, etc). Fazemos malabarismo com o orçamento doméstico para dar conta de tudo, e o “perigo” desse impasse é nos afogarmos nos afazeres enquanto os dias passam, sem piedade, por nós. Ficam o SER e o TER pela metade, incompletos.
Uma amiga me enviou um artigo que abordava sobre um livro da filósofa e feminista francesa Elisabeth Badinter, contra as exigências da mãe perfeita. Mas será que é querer ser perfeita não se conformar em perder o banquete? Felizmente sou das mais imperfeitas possível, e dentro de toda minha imperfeição vou tentando usar e abusar da criatividade (que penso ser forte aliada à falta de recurso financeiro), maximizando meu tempo e burlando a Marta que vive batendo à minha porta.
Ainda faltam cinco dias para terminar as férias, estou fisicamente muito cansada, mas emocionalmente muito feliz por saborear o precioso banquete da minha vida.