sexta-feira, 19 de novembro de 2010

A pior prisão...

"O casamento pode ser uma prisão.E a maternidade, a pena máxima.
Um emprego que rende um gordo salário trancafia você, o impede de chutar o balde e arriscar novos vôos. O mesmo se pode dizer de um cargo de chefia.Tudo que lhe dá segurança ao mesmo tempo lhe escraviza.Viver sem laços igualmente pode nos reter.
Uma vida mundana, sem dependentes para sustentar, o céu como limite: prisão também.
Você se condena a passar o resto da vida sem experimentar a delícia de uma vida amorosa estável, o conforto de um endereço certo e a imortalidade alcançada através de um filho.
Se nem a estabilidade e a instabilidade nos tornam livres, aceitemos que poder escolher a própria prisão já é, em si, uma vitória.
Nós é que decidimos quando seremos capturados e para onde seremos levados.
É uma opção consciente"M.Medeiros



A partir do texto lindo da Martha Medeiros eu acredito que  pior prisão humana é aquela que está condicionada a mente. Vivemos cercados por conceitos e preconceitos, valores e regras, como se rotular fosse idéia original à disposição dos costumes e julgamentos. Libertar-se desse “vício” torna-se difícil tal como se conformar com uma velha roupa que não nos serve mais. O tempo passa e crescemos, mudamos ou simplesmente engordamos e, aquela roupa que outrora nos servia com perfeição, fica apertada, pequena e fora de moda. Esvaziar esse guarda-roupa e colocar de lado tudo o que não nos cabe mais, requer trabalho e desprendimento. Não reciclamos nossos hábitos se não pudermos inovar os pensamentos. Ficamos presos em paradigmas e somos levados aos veredictos como juízes soberanos da certeza absoluta.


A vida é mutável ou, senão, adaptável. Ela se renova a todo o instante e quanto mais ampliamos nossa visão, melhor enxergamos a necessidade das reformas. Despir-se do velho e aceitar o novo, rever velhos conceitos e ampliar os horizontes. Exercer a capacidade própria de avaliação, sem estar preso aos enfadados rótulos criados para avaliação e julgamentos.

O mundo não é feito exclusivamente para nossa comodidade. Ao contrário! Nós nos inserimos nele e toda e qualquer dificuldade que enfrentamos, boa parte, somos nós os grandes responsáveis. As pessoas não mudam porque assim desejamos! Elas também renovam o seu guarda-roupa. Assim como na moda, cada um adota o seu estilo e ele é próprio, personalizado. O que não podemos é ditar regras e combinações. Deixemos que cada um procure o seu “look” e aprendemos, desta forma, a conviver com a “roupagem” de cada pessoa. Cresçamos e deixamos o figurino antigo de lado.

A nossa mente escraviza quando ficamos ligados aos ideais preconcebidos. Esse labirinto que é a mente, muitas vezes nos aprisiona e, quanto mais buscamos saídas, mais nos perdemos. Se trilharmos os caminhos sempre percorridos, podemos estar nos aprisionando cada vez mais, portanto, busque alternativas, descubra novas formas de alcançar a sua saída. E essa saída está em olhar tudo de novo, de maneira nova, despretensiosa e mais flexível.

Mudar o mundo, não podemos! O que podemos é mudar a nossa forma de vê-lo e tentar melhorar a cada dia essa percepção das coisas mutáveis. Ficar despido diante disso tudo não é estar frágil e nem vulnerável. É estar ciente da humildade necessária para receber o novo. Não ficamos despidos por muito tempo, pois logo uma nova roupa nos veste e aí, o que temos que fazer, de tempo em tempo, é apenas renovar o guarda-roupa!