sexta-feira, 15 de abril de 2011

Falando de sofá e não do divã



Quarta-feira, dia oficial do sofá! Alguém lembra?Pergunte a um rapaz ou uma moça de 20 anos por que quarta-feira é o dia chamado “dia do sofá”. Agora pergunte a um homem ou uma mulher de 40 anos. Os últimos, sorrindo, responderão pelo que lhes parece óbvio: “é..., bem... era o dia oficial do namoro, do pegar na mão, abraços e carícias permitidas no sofá da sala, enquanto os pais fingiam ir dormir mais cedo”. Mas já os rapazes de hoje dirão: “Dãaaa, (significando óbvio), é dia de assistir ao futebol e torcer pro time do coração, é sofá ou estádio”. Junta-se a galera, sai um churrasquinho, cervejinha. Namoro, namorada/o? Hã? Que isso? A única idéia de abraçar alguém é quando sai gol e não importa sexo, mentiras nem “Rock´n Roll” e sim se a pessoa ao lado está torcendo pro mesmo time.

O que aconteceu com a quarta-feira, com o dia da semana tão esperado  do “sofá”?
Vamos nos reportar a comédia romântica chamada “Scream & Yell” ou em português “Amor em Jogo”, baseado no livro Fever Pitch (Febre de Bola), que mostra bem essa produção cultural narcísica da nossa sociedade que coloca o futebol e seus jogadores como ídolos representantes da maior prova de afeto dirigida ao outro.
Ganhando milhões ou apenas uns 200 mil por mês, estão lá, “nossos” heróis dando a cara e o resto do corpo pra entreter a massa e ocupar o lugar deixado vazio por nossos amantes. Afinal, o que atraí mais? Uma relação de paixão com o time-herói, que na ordem de nossa identificação nos faz sentir vitoriosos, sem demandar “trabalho” nenhum para agradar o outro? Ou uma relação aonde as duas pessoas implicadas vem com suas diferenças cujo encontro nem sempre garante um prazer absoluto tal qual o conforto do sofá em frente a mega TV digital regada a uma ou duas, ou três, ou mais anestésicas cervejinhas para o caso do timão ter que ser perdoado?
Saudades das quartas-feiras...