quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Qual a idade para ser feliz?

Ninguém se conhece direito até passar dos 30. Tem gente que não se conhece mesmo beirando os 70, mas aí é outra história. Antes dos 30, somos apenas um sonho. Um desejo com várias direções. E muita esperança a tiracolo. Até os 30, estamos definindo o que queremos. O que gostamos. O que vamos ser. Não há limites para os planos. Para o número de namorados. Nem para a quantidade de erros.

Depois dos 30, continuamos errando. Continuamos não sabendo. Continuamos esperando. Mas, pelo menos, temos uma breve idéia de onde queremos chegar. Não é fácil, eu admito. Existe uma pressão no mundo para que você se torne só uma coisa: GENTE GRANDE. Aí, meu querido, começa a batalha... Você TEM que ter um diploma, uma carreira, um namorado, um casamento, um filho, um cachorro. (Mesmo que não seja a lista dos sonhos de sua vida). Você tem que cortar o cabelo, tirar o piercing, encompridar a saia, comprar um biquíni maior, aposentar suas calças rasgadas e blusas de banda. (Apesar de achar seu novo “eu” um tanto quanto demodê).

Aonde isso vai parar? Já conto. Um dia, quando menos se espera, você se enxerga... um chato! Percebe que confundiu responsabilidade com falta de espontaneidade. E encontra sua criança interior puta da vida, num castigo que você mesma criou. ESTOU ERRADA? Pode ser. É preciso muito equilíbrio para saber a hora de não se levar tão a sério. Mas, criança grande que sou, ainda acho que os 30 são a melhor coisa do mundo. Que se danem as contas, as rugas e demais amolações. As paranóias dos 20 (finalmente!) acabaram. Agora você é um ser sublime e sem espinhas. E – digam o que quiserem! – você nunca mais vai morrer de amor. INVENÇÃO MINHA? Não, acho que não. Depois dos 30, a gente sofre com mais dignidade. A gente sabe que toda dor passa. E entende que – tirando a morte e a lei da gravidade – tudo tem conserto.

Se eu gostaria de voltar no tempo? Ah, acho que não... Ninguém, em sã consciência, tem saudade de usar aquela sunga ridícula do uniforme de educação física do Dom Silvério. Ninguém sente falta de ser insegura. Ninguém gosta de pedir permissão aos pais pra sair. Ninguém tem saudades da aflição de ser virgem e pensar depois da “primeira vez”: então é SÓ isso? Não, gente, tem coisas na vida que melhoram incrivelmente com a idade. E estou escrevendo esse texto porque vejo muita gente apavorada em ficar mais velha. Mulheres com crise existencial porque fizeram 30. Caramba, meninas! É, eu sei, eu sei, eu sei. Vivemos numa cultura que almeja o belo. E o novo. Eu me preocupo com tudo isso também, mas acho que não devemos esquecer uma coisa: renovar quem somos por dentro. Pode parecer clichê, mas é verdade. Chega de nos preocuparmos tanto com botox, preenchimento, lifting, pilates e anti-rugas. Chega de chorar pelos cantos porque você acha que passou da idade de começar de novo. Chega de tanto drama porque você ainda não encontrou o amor da sua vida. Ou mais realisticamente dizendo: um cara bacana com quem você possa viver seus dias. Amor não tem idade. Beleza também não. Pra cada um, a vida dá um tempo. Não é porque a sociedade nos manda um roteiro pronto (com prazo estabelecido), que iremos seguir tudo à risca. (Afinal, é isso que você quer?).

Ah, vou contar uma coisa... Depois de muitos aniversários, descobri que ganhei muito mais do que perdi. Com o passar dos anos, fiquei mais corajosa. Mais segura. Mais esperta. Mais sábia. Mais seletiva. E mais feliz. Perdi minhas vergonhas. Minhas inseguranças (não todas, mas muitas delas). E perdi também o medo de dizer o que penso. E o que eu penso? Ah, pessoal, a mulherada anda boba demais! Vamos parar de nos importar tanto com faixa etária e cabelos brancos. Vamos esquecer das equações que nos ensinaram pra ter uma vida perfeita. Vamos parar de dizer o tal “tô passando da idade”. Vamos nos conhecer mais. Preencher nossos vazios. Paralisar nossos medos. E nos livrar de todos os sinais que não nos fazem bem. Meninas, a plástica aqui é interna. Se está ruim, conserte. Comece tudo de novo. Aproveite que você já sabe o que (externamente) lhe cai bem. E mude. POR DENTRO. Afinal, com que cara você quer chegar aos 40?



Parabéns pra todos que honram suas primaveras.
Que tenhamos – sempre! - um ano novo dentro de nós! (Fernanda Mello)

O UMBIGO-Texto imperdível para uma tomada de consciência.

Li este texto há muito tempo atrás e mantenho-o guardado a 7 chaves. Empresto a vocês para pensarem  um pouco sobre  quanto tempo que não nos curvamos e olhamos para ele, isto é,  não olhamos para nós próprios...Eis o texto.Maravilhoso!

Detenha-se um instante. Se for homem, abra a camisa. Se for mulher, desabotoe o vestido, levante a blusa. Se as gorduras atrapalharem, use um espelho. Se mesmo assim for impossível, solicite ajuda. Há algo imprescindível para a felicidade, algo a ser feito urgentemente pela vida: você tem de ver seu umbigo. Quer dizer, olhá-lo simplesmente é pouco. É preciso mais. Muito mais. Faça um filme, tire fotografias, elabore uma maquete. Seu umbigo, como você, é único.

Analise-o como a uma conta a ser paga. Pense nele como se pensa em grandes investimentos. Admire-o como um agricultor ao céu nublado em tempos de semeadura. Dedique-se a ele como algumas mulheres à cútis, como alguns homens aos músculos. De hoje em diante, dedicar-se ao umbigo deixa de ser mesquinhez.

Nestes tempos econômicos, do umbigo dependem a alegria e a esperança. O amor. O paraíso exige reconstrução. Adão e Eva já tiveram suas chances. Eles não têm para onde olhar. Nós, sim. Somos seres cortados de outros seres. Somos humanos originados de outros. Temos procedência e o mapa das trilhas.

Procuram-se homens e mulheres construtores da paz; eles precisam amar seus umbigos. Procuram-se homens e mulheres solidários, generosos, entulhados de afeto; eles devem estar reconciliados com seus umbigos. Procuram-se homens e mulheres ternos e tolerantes; de seus umbigos devem ter resgatado as bagagens dos antigos navegantes.

Nestes tempos econômicos, enxergar o próprio umbigo tornou-se rara oportunidade de compreensão de si mesmo como um  todo. O umbigo é um espelho côncavo e convexo, uma lente para perto e para longe. No umbigo há histórias e profecias. Primeiro, respiramos e gritamos. Depois, nos cortaram do útero para o mundo. A cicatriz está ali para exibir respostas complexas. O umbigo é a caixa-preta do vôo humano.

O umbigo diz muito sobre nossa natureza. Não somos ovíparos, por exemplo. Não fomos engendrados fora, expostos às intempéries. Não precisamos ser salvos da boca de lagartos e do bico de gaviões. Somos vivíparos, mamíferos. Fomos gerados num ventre. Tivemos calor, afeto, cuidado. Estávamos ligados a alguém, recebemos seu sangue e nutrientes. Ouvíamos sua voz antes mesmo de destrinchar o sentido das palavras.

Se você até agora não olhou seu umbigo, anda desinformado. Procure ler mais jornais, revistas, assista à televisão. O umbigo está super na moda. (Não me refiro às calças de cós baixo.) O umbigo virou assunto científico. As células do cordão umbilical guardam segredos. Podem trazer a cura de doenças incuráveis até hoje e, com isso, prolongar a expectativa de vida.

Olhe seu umbigo atentamente. Você nunca mais será o mesmo. Não desista. Tente de novo. Curve-se. Não se envergonhe. Faça-lhe uma reverência. Quanto maior a curvatura para dentro, maior será a abertura para o universo. Faça um abdominal reflexivo.

Pelo umbigo tomamos consciência, estivemos ligados a alguém. Ela. Mulher. Mãe. Nos deu abrigo, amor e alimento. Cortado o cordão umbilical, deu-nos seu peito, seu coração e nos fez herdeiros de coisas e valores. O umbigo jamais será sinal de egoísmo, ou símbolo de quem tem medo do mundo. Quem teve uma mãe e foi realmente amado jamais olhará o umbigo para fugir da realidade ou para esquecer-se dos outros.
(Pablo Morenno)