segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Aos homens!




Ele tirou do bolso um pacote pequeno e disse: “Isso é para você”. Fiquei sem fala porque não esperava. Era uma lembrança mínima, delicada, talvez não tenha custado quase nada, mas durmo com ela ao meu lado até hoje.

Um homem deveria entender nossas sensibilidades. As diferenças que nos tornam mulher. As que, mesmo com o tempo de lutas travadas não deixaram de pertencer à típica essência feminina.

Podemos desbravar o mundo com as nossas lanças afiadas. Controlar os instintos para que não derrubem os alicerces que foram fincados no chão para nos proteger das leis do passado. Estudar, possuir cursos e chefiar pessoas no trabalho. E, mesmo assim, jamais deixaremos de sonhar. De delirar com lindos vestidos de seda nas vitrines. Sapatos que tornem nossas pernas mais torneadas com meias transparentes para insinuar mais. A maquiagem que brilha na face como fantasia: pó translúcido, lápis preto e rímel nos olhos ansiosos e o gloss que brilha só em nuances  pedindo, por fim,  o beijo.

Queria dizer a um homem que dê mais flores para a mulher. Um mimo que de tão pequeno não imagina o que provoca. A lembrança tirada do bolso despretensiosamente e que entrega assim, do nada. E que efeito faz. Se ele soubesse o quanto precisamos de detalhes. Dos que ficam guardados na lembrança pelo resto da existência, não deixaria de oferecer a riqueza de um grão de arroz com o nome da amada gravado ou um chaveiro que acende. Mínimos tesouros vivos. Preciosos diamantes.

Se soubesse como um bilhete no papel de chiclete fica para sempre acomodado na gaveta dos nossos sonhos. O que sentimos quando ele revela que guardou na sua carteira , bem escondida, aquela nossa foto, mínima, mas que se torna imensa, em um zoom fictício quando nos conta envergonhado . Frações de sentimentos, prazeres que mexem com a carne fêmea. Que faz as asas dos sentidos voarem em liberdade.

Mulher gosta de pingos nas letras. De corações azuis espalhados na cama. De pétalas de rosas jogadas no chão do quarto. De velas acesas em torno da banheira de hidromassagem. De fortuitos beijos e transas no banheiro de uma festa.

Se um homem soubesse que pequenos detalhes nos tornam grandes. Motivam. Engrandecem a nossa auto estima. Que não precisa gastar tanto dinheiro com presentes caros. É claro que adoramos jóias, mas que junto a elas esteja um cartão escrito: “Mulher da minha vida”.

Não adianta dizer que perdemos a feminilidade com as lutas travadas durante séculos. Que a delicadeza não mais importa. Que o cheiro de uma mulher não mexe com os homens. A lingerie que distorce as leis objetivas tão masculinas. Um simples e pequeno pano rendado que transtorna os hormônios e aceleram a busca de suas mãos através de nossos corpos. Que poder!

Se eles soubessem que quando esquecem só por instantes o rico projeto em que trabalham e oferecem os braços em um abraço, não mais nos deixariam de lado tantos dias. Telefonariam para dizer “boa noite” ou “bom dia” e que para nós representa “eu te amo”.

Eles deveriam saber que precisamos de marcas que nos deixe sonhar até o próximo encontro. Que fomos escolhidas entre tantas.

Se um homem acreditasse nessa necessidade de carinho que temos. Nos hormônios que desfalecem quando vibram com o som da voz nos amando. Das brincadeiras quando nos encontramos. Os bombons de licor. O refrigerante doce tomado no mesmo canudo. O vinho seco e no olhar  a cumplicidade e o desejo.

Pois é, são só detalhes, mas que uma mulher jamais esquece. Como sair do caminho costumeiro só para vê-la rapidinho e matar a saudade. Tantas coisas um homem poderia fazer para nos ter amantes. E esses pedaços do céu não são encontrados em nenhuma loja e sim em sua criatividade.

Tomara que um deles leia esse texto. Que possa guardar como lembrança o sinal dos tempos. O desejo que externamos e não põem em prática, mas que nunca desistimos de pedir. Se percebesse o que uma mulher precisa para ficar feliz, tiraria a foto da lua cheia ou lhe entregaria um vidro pequeno de purpurina dizendo ser o pó das estrelas. E nós, queridos, acreditaríamos porque somos todas Mulheres.

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