quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Sim, sou avó e daí brother?

De repente, na sala de ginástica, entre uma flexão e outra ao som de um pop rock ensurdecedor, me dou conta de que as avós antigas, aquelas, as nossas, não existem mais. Não falo no óbito óbvio, pois certamente elas já não estão mais do nosso lado, o que considero uma perda irreparável!Falo naquelas avozinhas de xale sobre os ombros, tecidos por elas mesmas, de óculos redondinhos sem aros, de pantufinha de lã- no inverno, evidentemente. Me refiro aquelas que eram uma verdadeira instituição, respeitadas tanto pela idade como pelos conselhos sábios que nos transmitiam.

Naquela sala da academia agora já em posição de quatro (lembrei da música da Rita Lee "de quatro no ato”) para a bunda ficar dura (como custa, é quase como ler os Lusíadas) e com 3 quilos em cada perna para tornar mais difícil o intento, vejo senhoras com mais idade que eu, já com bisnetos, ali malhando, dando gargalhadas com camisetas ultra coloridas, contando “das últimas”.

Fico divagando sobre o paradeiro daquelas fadas disfarçadas que nos enchiam de mimos e que nos fartavam de delicias feitas por elas mesmas onde o sabor e o perfume permanecem até hoje nas nossas lembranças da infância.

As avós agora "são outra praia", já me utilizando dos termos dos “magros”. A maioria não convence, nem faz questão de convencer ninguém do antigo papel de rainhas-mãe da célula doméstica .A sapiência em forma de gente. A que nunca erra ou errou.

Elas estão preocupadas em desbravar outros setores,estão nas faculdades, nas repartições públicas, nos hospitais, surgem como executivas respeitadas, escritoras, atrizes, sabendo de cor o seu papel nos dias atuais.

As avós há muito são"uma brasa, mora”.. Muitas delas não só tratbalham, como namoram( e olha que as vezes eles são bem mais jovens que elas), fazem plástica, lipo, dançam, tomam chopinho com as amigas, e colocam uns biquines na praia que deixa muita garota a desejar um corpo parecido.

Queiram ou não, esta é a nova geração de avós.

Longe vão os tempos em que Chapeuzinho Vermelho corria um risco danado atravessando a floresta para levar uns doces para a vovozinha, coitada, que vivia isolada naquela cabana no mato. Há muito o lobo faz parte da vida da vovozinha e a netinha sabe disto e não aparece sem avisar antes! Ele, o lobo,  não ronda mais a casa da vovó, ele entra, senta e janta- muitas vezes a própria vovozinha e ela não reclama e a estória tem um final feliz!

Definitivamente, os tempos são outros.

Hoje quem quiser montar um cestinho de agrados para a vovó deve procurar: doces ( light)), um kit de congelados (ela não quer mais saber de forno e fogão), um licorzinho, um CD da Lady Gaga, um DVD com o último filme do Jude Law. Inclua ainda um ansiolítico, pois o agito da vida dela é enorme, um tênis e uma malha justinha,  uma assinatura da Revista G Magazine, cremes hidratantes e um perfume sensual para a balada.
Ah, não esqueçam também de uma caixa de preservativo.Mesmo não havendo mais a possibilidade de ter filhos ela sabe que não pode se descuidar pois a AIDS está aí.
Nem por isto ela deixou de amar e dar carinho aos netos, apenas acrescentou mais açúcar em sua vida, ao invés de colocá-lo na ambrosia que já vem em potes no super mercado.
Este  grupo está queimando o sutiã, exigindo seus direitos como cidadã, apesar de estar entrando na “melhor idade”.

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P.S:Em tempo: Se você é uma vovó como as antigas que gosta de roupas discretas, vidinha calma, fazer tricot,ver a novela das 6, ter do seu lar o seu reduto, totalmente abnegada para a família..ótimo.Desde que seja uma opção pessoal e não uma imposição da sociedade ou uma pressão dos filhos.

Um comentário:

  1. É verdade!!! Viva as vovós de hoje! Tem que aproveitar a vida mesmo! ÓTIMO TEXTO!

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