quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Férias.O que seria sem elas.

Não é fácil ser um gaúcho típico, classe média.
Mal acaba de desembrulhar os presentes de Natal e já está carregando o carro, colchão enrolado em cima, o aparelho de TV acomodado entre a imensa bagagem, crianças, o cachorro, câmara de ar que será bóia, tudo socado, rumo à estrada que a praia está chamando.
Fila na rodovia, calor danado, capaz de chover, pára de berrar, menino!, engarrafamento inevitável em Canoas, quatro horas de viagem para um trecho tão curto, o chevetão só ferveu uma vez, enfim o mar.
E então é aquilo de sempre, todos numa casa de dois quartos, a mulher trabalha feito uma moura, ele paga todas as despesas - o cunhado que sempre aparece nunca se coça..
 - cadê o menino, pelo amor de Deus, eu disse para ficar olhando, picolé, areia na sunga, queimadura de sol, ui como arde, bota vinagre, o banheiro sempre ocupado, o cunhado é desregulado.
Dormir amontoado não é mole, o cunhado é flatulento, pudera, come feito um cavalo, ainda se colaborasse, mosquitos, pagode no vizinho até de madrugada, mania de soltar foguetes.
 Quando acaba o feriadão repete-se a viagem, agora em sentido contrário: fila de novo, só deu um dia de sol, diabo de chuva, congestionamento irritante em Canoas, o carro ferve, enfim o lar.
Descarrega-se toda a tralha, cuidado com a TV, será que esquecemos alguma coisa?
- O menino! Cadê o Wanderson Kleyton?
A mulher desmaia, a sogra abre falação, o cachorro mijou dentro do carro, calma, liga pro vizinho na praia, pra polícia, eu volto para buscar, alguém me empresta um carro que o chevetão está no bagaço. Leva um ano para curar o estresse das férias. (desconheço o autor)

2 comentários:

  1. Ufa, fiquei até cansada. Mas, afinal, acharam o guri? rsrsrsrsrsrs

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  2. O autor é Valther Osterman, colunista do Jornal de Santa Catarina, de Blumenau-SC

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