segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Aos homens!




Ele tirou do bolso um pacote pequeno e disse: “Isso é para você”. Fiquei sem fala porque não esperava. Era uma lembrança mínima, delicada, talvez não tenha custado quase nada, mas durmo com ela ao meu lado até hoje.

Um homem deveria entender nossas sensibilidades. As diferenças que nos tornam mulher. As que, mesmo com o tempo de lutas travadas não deixaram de pertencer à típica essência feminina.

Podemos desbravar o mundo com as nossas lanças afiadas. Controlar os instintos para que não derrubem os alicerces que foram fincados no chão para nos proteger das leis do passado. Estudar, possuir cursos e chefiar pessoas no trabalho. E, mesmo assim, jamais deixaremos de sonhar. De delirar com lindos vestidos de seda nas vitrines. Sapatos que tornem nossas pernas mais torneadas com meias transparentes para insinuar mais. A maquiagem que brilha na face como fantasia: pó translúcido, lápis preto e rímel nos olhos ansiosos e o gloss que brilha só em nuances  pedindo, por fim,  o beijo.

Queria dizer a um homem que dê mais flores para a mulher. Um mimo que de tão pequeno não imagina o que provoca. A lembrança tirada do bolso despretensiosamente e que entrega assim, do nada. E que efeito faz. Se ele soubesse o quanto precisamos de detalhes. Dos que ficam guardados na lembrança pelo resto da existência, não deixaria de oferecer a riqueza de um grão de arroz com o nome da amada gravado ou um chaveiro que acende. Mínimos tesouros vivos. Preciosos diamantes.

Se soubesse como um bilhete no papel de chiclete fica para sempre acomodado na gaveta dos nossos sonhos. O que sentimos quando ele revela que guardou na sua carteira , bem escondida, aquela nossa foto, mínima, mas que se torna imensa, em um zoom fictício quando nos conta envergonhado . Frações de sentimentos, prazeres que mexem com a carne fêmea. Que faz as asas dos sentidos voarem em liberdade.

Mulher gosta de pingos nas letras. De corações azuis espalhados na cama. De pétalas de rosas jogadas no chão do quarto. De velas acesas em torno da banheira de hidromassagem. De fortuitos beijos e transas no banheiro de uma festa.

Se um homem soubesse que pequenos detalhes nos tornam grandes. Motivam. Engrandecem a nossa auto estima. Que não precisa gastar tanto dinheiro com presentes caros. É claro que adoramos jóias, mas que junto a elas esteja um cartão escrito: “Mulher da minha vida”.

Não adianta dizer que perdemos a feminilidade com as lutas travadas durante séculos. Que a delicadeza não mais importa. Que o cheiro de uma mulher não mexe com os homens. A lingerie que distorce as leis objetivas tão masculinas. Um simples e pequeno pano rendado que transtorna os hormônios e aceleram a busca de suas mãos através de nossos corpos. Que poder!

Se eles soubessem que quando esquecem só por instantes o rico projeto em que trabalham e oferecem os braços em um abraço, não mais nos deixariam de lado tantos dias. Telefonariam para dizer “boa noite” ou “bom dia” e que para nós representa “eu te amo”.

Eles deveriam saber que precisamos de marcas que nos deixe sonhar até o próximo encontro. Que fomos escolhidas entre tantas.

Se um homem acreditasse nessa necessidade de carinho que temos. Nos hormônios que desfalecem quando vibram com o som da voz nos amando. Das brincadeiras quando nos encontramos. Os bombons de licor. O refrigerante doce tomado no mesmo canudo. O vinho seco e no olhar  a cumplicidade e o desejo.

Pois é, são só detalhes, mas que uma mulher jamais esquece. Como sair do caminho costumeiro só para vê-la rapidinho e matar a saudade. Tantas coisas um homem poderia fazer para nos ter amantes. E esses pedaços do céu não são encontrados em nenhuma loja e sim em sua criatividade.

Tomara que um deles leia esse texto. Que possa guardar como lembrança o sinal dos tempos. O desejo que externamos e não põem em prática, mas que nunca desistimos de pedir. Se percebesse o que uma mulher precisa para ficar feliz, tiraria a foto da lua cheia ou lhe entregaria um vidro pequeno de purpurina dizendo ser o pó das estrelas. E nós, queridos, acreditaríamos porque somos todas Mulheres.

sábado, 28 de agosto de 2010

Devaneios etcétera e tal...: AS PARTES- Como dói!

Devaneios etcétera e tal...: AS PARTES- Como dói!: "Uma separação, falo como advogada de Familia que sou, dói ! Dói para cada parte no processo: para o casal nesta ruptura muitas vezes drástic..."

AS PARTES- Como dói!

Uma separação, falo como advogada de Familia que sou, dói !
Dói para cada parte no processo: para o casal nesta ruptura muitas vezes drástica, para quem atua como mediadora  como eu, necessitando entrar na vida de cada um e precisando dividir o imenso sofrimento de todos, e principalmente dói em demasia  para os filhos, que mesmo sem entender são PARTES NO PROCESSO.



Tem dias que levantar cedo não dói. Hoje foi um e não me perguntem por quê. São 8:47 agora e eu já cataloguei fotografias de 1973... por aí, até 1992, ufa... Lembranças, algumas até meio amarelando, de coisas vividas e que passaram. Passaram? Umas sim e outras não. Coisas que marcam, como o mar azul de Tainhas, contrastando com o laranja do bote inflável cheio de boinhas de braço.
É... navegávamos com crianças... e como crianças, na segurança que a juventude dá. Éramos indestrutíveis, aptos a levar bebês para o alto mar num bote de dois metros. Estranho que o mar azul, um bote e as lembranças das muitas "indiadas" rumo ao sol, ao vento, ao mar e à aventura me tenham trazido, de repente, de volta ao passado mais recente. Mais precisamente segunda-feira, a última.
Não tinha nem mar azul, nem mesmo céu, pelo menos não olhei para o alto. Só coisas cinza. Cinza era o prédio, a roupa da advogada, cinza era o chão, as portas, cinza sobriedade, cinza impessoal, cinza tapa sujeira, e depois dizem que blue é que é triste. Não éramos mais os jovens aventureiros arriscadores de bebês, desbravadores dos cafundós de qualquer praia paradisíaca. Éramos "as partes". Cheguei a olhar para trás quando a oficial de justiça disse:
— As partes podem entrar.
Nos olhamos. Como bons ex-aventureiros fomos juntos pra poupar os carros, mesma advogada, pra economizar, também. Um olhar e bastou. Olhos azuis nos outros olhos azuis: estes somos nós, "as partes".
Sentamos, mãos geladas. E sentamos errado. Era para ser em lados opostos e sentamos lado a lado. Incrível que, depois de tanto tempo, a nossa segurança ainda era enfrentar aquilo juntos. A juíza, o único elemento de cor no recinto, balançou os ombros e as pulseiras e voltou os olhos para o texto. A pastinha laranja-bote contrastando com o azul-mar de sua blusa.
E nos resumiu...
— Vocês, "as partes", são fulano e fulana, vocês têm isso, aquilo, aquilo outro e mais dois filhos.
Meus lindos bebês que escaparam de morrer afogados no mar de Santa Catarina, sucumbiram à lei, coisificados junto com automóveis e apartamentos.
— Confere?
Que íamos dizer???
— Confere...
— A parte "tal" fica com isso... Confere? E a parte "outro tal" fica com aquilo... Confere?
— Confere...
Repartimos até os nossos bebês. Como se fosse possível repartir vida! Como se os sonhos dele não estivessem para sempre colados nos meus.
Sorte que não pensei em nada na hora. Acho que ser chamada de "parte tal" me anestesiou. Firulas legais foram recitadas. E eu ali esperando o "então vos declaro..." Mas não tem. E não tem música. E ninguém nos beijou na saída.
— "As partes" podem se retirar.
Cruzamos o corredor cinza e descemos pelo elevador cinza, a advogada cinza sempre falando, coisas cinza.
Na rua enfim o sol. E eu rezando para que, pelo menos, um bote laranja me trouxesse pra casa
Voltamos juntos, falando dos nossos bebês. Olhos azuis nos outros olhos azuis, eu ainda sei o que aqueles olhos pensam.
Estranhamente, desde lá eu venho pensando em mar, em botes, em vento...
E em bebês.(by Suzana Gutierrez)

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

VERANEIO NO R.G.DO SUL..IMPERDÍVEL!

Este texto de Paulo Wainberg eu li e guardei.Acho um dos textos mais hilários e realistas das nossas praias aqui do sul, embora muita gente de grana da nossa sociedade vá  veranear em Punta del Este no verão mas não deixam de  manter suas casas chiquetéssimas por aqui. Vai entender!
Vamos ao texto!

Para conhecimento nacional e reconhecimento regional:



Está chegando o verão e com ele o veraneio, como chamamos aqui no Sul.
Não sei se vocês, de outros Estados, sabem, mas temos o mais fantástico litoral do País: de Torres ao Chuí, uma linha reta, sem enseadas, baias, morros, reentrâncias ou recortes. Nada!
Apenas uma linha reta, areia de um lado, o mar do outro.
Torres, aliás, é um equívoco geográfico, contrário às nossas raízes farroupilhas e devia estar em Santa Catarina.
Característica nossa, não gostamos de intermediários.
Nosso veraneio consiste em pisar na areia, entrar no mar, sair do mar e pisar na areia.
Nada de vistas deslumbrantes, vegetações verdejantes, montanhas e falésias, prainhas paradisíacas e outras frescuras cultivadas aí para cima.
O mar gaúcho não é verde, não é azul, não é turquesa.
É marrom!
Cor de barro iodado, é excelente para a saúde e para a pele! E nossas ondas são constantes, nem pequenas nem gigantes, não servem para pegar jacaré ou furar onda. O solo do nosso mar é escorregadio, irregular, rico em buracos. Quem entra nele tem que se garantir.
Não vou falar em inconvenientes como as estradas engarrafadas, balneários hiper-lotados, supermercados abarrotados, falta de produtos, buzinaços de manhã de tarde e de noite, areia fervendo, crianças berrando, ruas esburacadas, tempestades e pele ardendo, porque protetor solar é coisa de fresco e em praia de gaúcho não tem sombra. Nem nos dias de chuva, quase sempre nos fins-de-semana, provocando o alegre, intermitente, reincidente e recorrente coaxar dos sapos e assustadoras revoadas de mariposas.
Dois ventos predominam, em nosso veraneio: o nordeste – também chamado de nordestão – e o sul, cuja origem é a Antártida.
O nordestão é vento com grife e estilo... estilo vendaval.
Chega levantando areia fina que bate em nosso corpo como milhões de mosquitos a nos pinicar. Quem entra no mar, ao sair rapidamente se transforma no – como chamamos com bom-humor – veranista à milanesa. A propósito, provoca um fenômeno único no universo, fazendo com que o oceano se coloque em posição diagonal à areia: você entra na água bem aqui e quando sai, está a quase um quilômetro para sul. Essa distância é variável, relativa ao tempo que você permanecer dentro da água.
Outra coisa: nosso mar é pra macho!
Água gelada, vai congelando seus pés e termina nos cabelos. Se você prefere sofrer tudo de uma vez, mergulhe e erga-se, sabendo que nos próximos quinze minutos sua respiração voltará ao normal: é o tempo que leva para recuperar-se do choque térmico.
Noventa por cento do nosso veraneio é agraciado pelo nordestão que, entre outras coisas, promove uma atividade esportiva praiana, inusitada e exclusiva do Sul: Caça ao guardassol. Guardassol, você sabe, é o antigo guarda-sol, espécie de guarda-chuva de lona, colorida de amarelo, verde, vermelho, cores de verão, enfim, cujo cabo tem uma ponta que você enterra na areia e depois senta embaixo, em pequenas cadeiras de alumínio que não agüentam seu peso e se enterram na areia.
Chega o nordestão e... lá se vai o guardassol, voando alegremente pela orla e você correndo atrás. Ganha quem consegue pegá-lo antes de ele se cravar na perna de alguém ou desmanchar o castelo de areia que, há três horas, você está construindo com seu filho de cinco anos.
O vento sul, por sua vez, é menos espalhafatoso. Se você for para a praia de sobretudo, cachecol e meias de lã, mal perceberá que ele está soprando. É o vento ideal para se comprar milho verde e deixar a água fervente escorrer em suas mãos, para aquecê-las.
Raramente, mas acontece, somos brindados com o vento leste, aquele que vem diretamente do mar para a terra. Aqui no Sul, chamamos o vento leste de ‘vento cultural’, porque quando ele sopra, apreendemos cientificamente como se sentem os camarões cozinhados ao bafo.
E, em todos os veraneios, acontece aquele dia perfeito: nenhum vento, mar tranquilo e transparente, o comentário geral é: “foi um dia de Santa Catarina, de Maceió, de Salvador” e outras bichices. Esse dia perfeito quase sempre acontece no meio da semana, quando quase ninguém está lá para aproveitar. Mas fala-se dele pelo resto do veraneio, pelo resto do ano, até o próximo verão.
Morram de inveja, esta é outra das coisas de gaúcho!
Atenta a essas questões, nossa indústria da construção civil, conhecida mundialmente por suas soluções criativas e inéditas, inventou um sistema maravilhoso que nos permite veranear no litoral a uma distância não inferior a quinhentos metros da areia e, na maioria dos casos, jamais ver o mar: os famosos condomínios fechados.
A coisa funciona assim: a construtora adquire uma imensa área de terra (areia), em geral a preço barato porque fica longe do mar, cerca tudo com um muro e, mal começa a primavera, gasta milhares de reais em anúncios na mídia, comunicando que, finalmente agora você tem ao seu dispor o melhor estilo de veranear na praia: longe dela. Oferece terrenos de ponta a ponta, quanto mais longe da praia, mais caro é o terreno. Você vai lá e compra um.
Enquanto isso a construtora urbaniza o lugar: faz ruas, obras de saneamento, hidráulica, elétrica, salão de festas comunitário, piscina comunitária com águas térmicas, jardins e até lagos e lagoas artificiais onde coloca peixes para você pescar. Sem falar no ginásio de esportes, quadras de tênis, futebol, futebol-sete, se o lago for grande, uma lancha e um professor para você esquiar na água e todos os demais confortos de um condomínio fechado de Porto Alegre, além de um sistema de segurança quase, repito, quase invulnerável.
Feliz proprietário de um terreno, você agora tem que construir sua casa, obedecendo é claro ao plano-diretor do condomínio que abrange desde a altura do imóvel até o seu estilo.
O que fazemos nós, gaúchos, diante dessa fabulosa novidade? Aderimos, é claro.
Construímos as nossas casas que, de modo algum, podem ser inferiores às dos vizinhos, colocamos piscinas térmicas nos nossos terrenos para não precisar usar a comunitária, mobiliamos e equipamos a casa com o que tem de melhor, sobretudo na questão da tecnologia: internet, TV à cabo, plasma ou LCD, linhas telefônicas, enfim, veraneamos no litoral como se não tivéssemos saído da nossa casa na cidade.
Nossos veraneios costumam começar aí pela metade de janeiro e terminar aí pela metade de fevereiro, depende de quando cai o Carnaval. Somos um povo trabalhador, não costumamos ficar parados nas nossas praias.
Vamos para lá nas sextas-feiras de tarde e voltamos de lá nos domingos à noite. Quase todos na mesma hora, ida e volta.
É assim que, na sexta-feira, pelas quatro ou cinco da tarde, entramos no engarrafamento. Chegamos ao nosso condomínio lá pelas nove ou dez da noite. Usufruímos nosso novo estilo de veranear no sábado – manhã, tarde e noite – e no domingo, quando fechamos a casa.
Adoramos o trabalhão que dá para abrir, arrumar e prover a casa na sexta de noite, e o mesmo trabalhão que dá no domingo de noite.
E nem vou contar quando, ao chegarmos, a geladeira estragou, o sistema elétrico pifou ou a empregada contratada para o fim-de-semana não veio.
Temos, aqui no Sul, uma expressão regional que vou revelar ao resto do mundo:

-Graças a Deus que terminou esta bosta de veraneio!

Conversa entre duas oligofrenicas...



- Suzana, tô namorando.
- Como assim? Com quem, de repente?
- Um cara que conheci na internet.
- Ah... você já passou dos vinte  e cinco faz tempo.
- Por isso mesmo! Se não fosse assim seria fácil, sua tonta. E deixa de ser careta. Isso agora é super normal.
- Conta então... conheceu como?
- Num site de namoro...PP- Par perfeito, tipo uma agência de encontros.
- kkkkkkkkkkkkkkk!
- Qual a graça Suzana?
- Isso é ridículo e ainda me disseram que se paga prá encontrar o sujeito.Tem até que fazer cadastro. E ainda pode ser casado, gay, etecétera e tal...
- Ridículas somos nós, como um par de chícaras, para cima e para baixo, sem um homem pra nada, nem que seja para  pagar um cineminha de vez em quando.. E eu não sou tão sózinha, tenho meus rolos.
- Não me conversa o teu último faz cinco anos... mas diz aí, você fica falando o que pra ele na internet? Que é  morena estonteante, magra e alta?
- Claro que não né Suzi. Já mandei até foto minha, ele sabe como eu sou.E curtiu.
- Mandou foto? Tu é doida, completamente doida, esse cara vai te colocar num site pornô. Aí eu quero ver...
- Suzana, homem nenhum no mundo olha pra mim faz tempo.Nem arigó de obra quem dirá num site pornô.
- E se ele for psicopata?
- psicopata eu conheço bem, já tive meu ex e outros...dá no mesmo.
- E se ele for gordo, feio, chato?
- Aí finjo que não sou eu e saio de fininho.Mas até aí, da gente se encontrar vai rolar muito papo pelo MSN e posso pedir que ligue a web can..
- E se ele for um tarado?..
- Vou agradecer a Deus..
- kkkkkkkk .Não acredito no que estou ouvindo!A gente tá no fundo do poço mesmo, quero dizer, tu tá no fundo do poço...
- Não, a gente não tá. A gente pensa que tá.
- Amiga, cada vez te acho mais doida.Procura um terapeuta..
- E quando mulher encalhada precisa de terapeuta.Precisa de um homem..
- Homem? pela Internet? Sem carinho, sem toque, sem olhares...
- Mas tem uma coisa positiva que tu nem te deu conta:  não preciso nem  me depilar a virilha, aquela dor fininha e a posição de galinha sendo assada que faz anos não faço.Acho que a depiladora até perdeu meu telefone...sem falar na economia.!
-????????

Observação:Por favor não me peçam a identidade das moças.Eu morro negando!

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

EU ME RENDO- POR DANUZA LEÃO


Quantas mentiras nos contaram; foram tantas, que a gente bem cedo começa a acreditar e, ainda por cima, a se achar culpada por ser burra, incompetente e sem condições de fazer da vida uma sucessão de vitórias e felicidades.
Uma das mentiras: é a que nós, mulheres, podemos conciliar perfeitamente as funções de mãe, esposa, companheira e amante, e ainda por cima ter uma carreira profissional brilhante.
É muito simples: não podemos.
Não podemos; quando você se dedica de corpo e alma a seu filho recém-nascido, que na hora certa de mamar dorme e que à noite, quando devia estar dormindo, chora com fome, não consegue estar bem sexy quando o marido chega, para cumprir um dos papéis considerados obrigatórios na trajetória de uma mulher moderna: a de amante.
Aliás, nem a de companheira; quem vai conseguir trocar uma idéia sobre a poluição da Baía de Guanabara se saiu do trabalho e passou no supermercado rapidinho para comprar uma massa e um molho já pronto para resolver o jantar, e ainda por cima está deprimida porque não teve tempo de fazer uma escova?
Mas as revistas femininas estão aí, querendo convencer as mulheres - e os maridos - de que um peixinho com ervas no forno com uma batatinha cozida al dente, acompanhado por uma salada e um vinhozinho branco é facílimo de fazer - sem esquecer as flores e as velas acesas, claro, e com isso o casamento continuar tendo aquele toque de glamour fun-da-men-tal para que dure por muitos e muitos anos.
Ah, quanta mentira!
Outra grande, diz respeito à mulher que trabalha; não a que faz de conta que trabalha, mas a que trabalha mesmo. No começo, ela até tenta se vestir no capricho, usar sapato de salto e estar sempre maquiada; mas cedo se vão as ilusões. Entre em qualquer local de trabalho pelas 4 da tarde e vai ver um bando de mulheres maltratadas, com o cabelo horrendo, a cara lavada, e sem um pingo do glamour - aquele - das executivas da Madison.
Dizem que o trabalho enobrece, o que pode até ser verdade. Mas ele também envelhece, destrói e enruga a pele, e quando se percebe a guerra já está perdida.
Não adianta: uma mulher glamourosa e pronta a fazer todos os charmes - aqueles que enlouquecem os homens - precisa, fundamentalmente, de duas coisas: tempo e dinheiro.
Tempo para hidratar os cabelos, lembrar de tomar seus 37 radicais livres, tempo para ir à hidroginástica, para ter uma massagista tailandesa e um acupunturista que a relaxe; tempo para fazer musculação, alongamento, comprar uma sandália nova para o verão, fazer as unhas, depilação; e dinheiro para tudo isso e ainda para pagar uma excelente empregada - o que também custa dinheiro.
É muito interessante a imagem da mulher que depois do expediente vai ao toalete - um toalete cuja luz é insuportavelmente branca e fria, retoca a maquiagem, coloca os brincos, põe a meia preta que está na bolsa desde de manhã e vai, alegremente, para uma happy hour.
Aliás, se as empresas trocassem a iluminação de seus elevadores e de seus banheiros por lâmpadas âmbar, os índices de produtividade iriam ao infinito; não há auto-estima feminina que resista quando elas se olham nos espelhos desses recintos.
Felizes são as mulheres que têm cinco minutos - só cinco - para decidir a roupa que vão usar no trabalho; na luta contra o relógio o uniforme termina sendo preto ou bege, para que tudo combine sem que um só minuto seja perdido.
Mas tem as outras, com filhos já crescidos: essas, quando chegam em casa, têm que conversar com as crianças, perguntar como foi o dia na escola, procurar entender por que elas estão agressivas, por que o rendimento escolar está baixo.
E ainda tem as outras que, com ou sem filhos, ainda têm um namorado que apronta, e sem o qual elas acham que não conseguem viver . Segundo um conhecedor da alma humana, só existem três coisas sem as quais não se pode viver: ar, água e pão.
Convenhamos que é difícil ser uma mulher de verdade; impossível, eu diria.

Parabéns para quem consegue fingir tudo isso...

Analise, terapia, você já fez alguma vez?


Sou da opinião que para duas pessoas se relacionarem, ambas devem ter alguma experiência do assunto ou, então, é melhor que nenhuma das duas tenha jamais sentado naquela poltrona que parece cômoda a princípio mas que após alguns segundos não se acha nunca a posição mais confortável e a bunda não para de se mexer inquietantemente.
Sofá eu nunca deitei, ao menos para falar de mim. Deitei em um, relaxadamente, mas na casa de amigas ou na minha mesmo para falar de tudo e todos, menos de mim.
Sinceramente, se eu tivesse um cargo de ministra da Saúde- não do governo Lula, por favor- faria um projeto para que todos, sem distinção de cor, credo,partido político, todos os cidadãos brasileiros, tivessem a possibilidade, a chance, de tratarem a “cuca”, o que diminuiria, acredito eu, a incidência de tantos doentes que temos de agüentar...começando pelos do governo.
Se antes de casar, de se relacionar, de se ter filhos, as pessoas se tratassem, estaríamos evitando crianças problemáticas no futuro, pois sabemos que pais doentes vão gerar uma cadeia interminável de seus problemas não resolvidos acrescidos da maneira como a criança vai vivenciar e entender os mesmos.
Por outro lado, fico pensando que se todos tivessem acesso à terapia, o país ia ser invadido por uma onda, quase um arrastão de pessoas que iriam se considerar aptas a entender do assunto e ficar “palpitando” sobre o porquê do fulano ter subido no ônibus com a perna direita e não com a esquerda.
Um parênteses: me lembrei de um papo entre duas pessoas populares dentro de um ônibus quando passava a novela “Viver a Vida” sobre o esquizofrênico que hoje é italiano na novela das 21.00 horas.
Dizia uma:
-eu depois que vi o capitulo de ontem acho que meu filho é psicopata(tinha uma psicopata na novela chamada Ivone)
Ao que a outra respondeu:
- Mas é melhor ser psicopata que aproveita bem a vida e ainda não sente culpa, que um esquizofrênico.Viu como o menino sofre?
-Melhor é a mãe dele que fica fazendo massagem e passando cremes...
E o papo fluía como se as duas fossem catedráticas no assunto, isto com o pouco conhecimento que uma novela traz a população.
Pena que precisei descer antes da conclusão a que ambas chegaram.
Eu já fiz terapia varias vezes, mas análise, nunca.
Dizem que nesta última, primeiro destroem a gente para, após, reconstruir.Começamos lá do alicerce a ser edificadas novamente. Já pensaram?
Como sou prática e odeio processos demorados e na época estava repleta de dúvidas sobre separo ou não separo procurei meu primeiro psiquiatra.
Entrei lá com um problema e saí com uma meia dúzia deles.
O cara era mais doido que eu. Disse que eu não queria assumir ser mãe, encarar o fato, não ter cacife prá maternidade e que estava colocando no casamento a culpa de minha incapacidade.Saí de lá como uma ventania.Em apenas 45 minutos ele conseguiu produzir um tsunami em minha cabeça.Sei que até hoje este cara se trata com outro doido.
Me esqueci o nome dele. Freud explica!
Anos depois com os filhos criados, mas continuando casada (a culpa foi deste sujeito pseudo-entendedor da alma humana que conseguiu em minutos de uma única sessão me transformar de vítima em carrasca) fui tentar a segunda terapia. Agora queria uma mulher.
Era muito agradável, eu gostava dela. Só que eu falava de tudo, gastronomia, empregada, vinhos, menos do que me levara lá.
Coitada, nos 45 minutos do tempo marcado por aquele relógio maldito eu reclamava da empregada, do marido, dos filhos, que tinha engordado,que tinha emagrecido, brigado com a sogra, ido fazer ginástica e, de quebra, falar de algumas mágoas e ressentimentos. Eu não esperava nada daquele tratamento mas colocarr meus problemas para fora já me ajudava, tanto quanto serve a confissão para os católicos praticantes. Tempos depois já levava biscoitos e uma garrafa de chá para o encontro ficar mais agradável, porque no seco ninguém agüenta falar só de problemas.
Não sei como após anos tomando chá um dia criei coragem de me separar. Lembram que era a minha intenção inicial desde o primeiro doido que me caiu nas mãos?
E me separei sem stress, sem culpa, sem idas e vindas, foi um hoje deu. Pega a mala e some.
Me achei o máximo.Cravei a bandeira no pico do Himalaia.Fiz a volta ao mundo num barquinho rodeada de tubarões.Completei o percurso Paris/ Dakar. Ganhei na Sena.
Filhos bem criados, hoje moro só. Faço o que quero, durmo esparramada na cama sem dividir espaço, não escuto ronco de ninguém, apago a televisão quando o filme fica chato, e não escuto futebol aos domingos- parece que hoje tem jogos em outros dias da semana .Pobres mulheres.
Só que agora surgiu um novo problema.
Casa nova começam a assoprar nos meus ouvidos:
-E quando vai me convidar para conhecer a casa nova?
- E quando é que vai me convidar para jantar?
Realmente, isso é o que fazem as pessoas civilizadas: um dia um convida, depois o outro retribui. Foi quando descobri que não sou uma pessoa civilizada e que receber para um jantar, por mais íntimos que sejam os convivas para mim se torna um sacrifício. Fiz comidinha especial para marido e filhos 25 anos da minha vida.
-Só a mãe faz bem, a empregada não faz direito.
E lá ia eu para a cozinha agradar a família.
Depois que me separei só compro pratos congelados e ligo o micro. Coisa bem boa!
Não preciso dizer que após insistentes convites para eu receber e abrir as portas de minha casa fui em busca de um novo psiquiatra. Só para falar sobre isso. Parece banal? Para mim virou tormento.
Ele ouviu todas as minhas razões sem dizer palavra nenhuma: medo da comida não ficar boa pois havia perdido a receita, de fazer muita ou pouca pois havia perdido a idéia de quantidade ou de exagerar e sobrar sobremesa para eu ficar uma semana tentando acabar com ela, fato que iria me deixar uma bola de gorda.
No final, ouvi dele apenas uma frase redentora e tranquilizante:
-Se você não gosta de dar jantares ou almoços, não dê.
Prá que!Foi a minha libertação. Foi como ao subir no ônibus com a perna que eu escolhi, aleatoriamente, não me preocupar se alguém achava que deveria ser com a outra.
A partir desse dia, nunca mais precisei perguntar a ninguém se devo ou não devo fazer alguma coisa. Pergunto a mim mesma e o assunto está resolvido. E estou muito feliz assim – pelo menos por enquanto.